
Venho humildemente informar que no ano que vem não irei necessitar de vossos préstimos.
O senhor, com vossa dança cósmica, destrói o que não mais nos cabe para a abertura de um novo ciclo.
O invoquei nos anos anteriores para me transformar.
Este ano será diferente.
Peço que o senhor descanse no berço esplêndido de vossa alquimia. Passeie com vosso filho, meu lord Ganapati e entregue flores à senhora dona do Universo, minha querida Parvati.
Voem pelos derredores das montanhas límpidas da energia primorosa dos Devas. Visitem as magníficas realidades inconcebíveis dos reinos abstratos e tomem um chá ao som da flauta do nobre Senhor Krishna.
Descansem nos leitos fartos de Gaia, tomem do néctar da Terra ancestral. Inspirem êxtases transcendentais aos discípulos do amor e dancem nos corações das incautas almas incrédulas.
Aproveite, meu Senhor. Não se preocupe comigo.
Enquanto eu for silêncio, viajarei contigo e de nada necessitarei.
Enquanto eu for silêncio, viverei como tu vives, respirarei o ar de tuas narinas, comerei os manjares com tua língua e meu coração se derreterá qual o Ganges quando recebe o neófito filho.
Apenas deixa-me, Senhor Shiva. Basta para mim de destruição.
Também não criarei ou manterei nada neste mundo.
Seguirei apenas o som do farfalhar do vestido de Pitambara, a que me embala na luz dourada dos mistérios que eu nunca pretenderei desvendar.
Com devoção,
Vossa serva ✍️
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